Prosseguindo na iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica de conscientizar a população sobre a importância de buscar um profissional qualificado da medicina para cuidar da pele, especialmente, em procedimentos invasivos como peelings profundos, preenchimentos, fios de sustentação e cirurgias cosméticas, nessa matéria iremos abordar o tema das complicações oftalmológicas relacionadas ao preenchimento.
A busca por tratamentos estéticos tem sido cada vez mais frequente, seja pelo que se vê nas mídias sociais ou pela facilidade de acesso da população a procedimentos amplamente divulgados e realizados em diversos lugares. Entretanto, é fundamental que a população seja informada e alertada sobre os riscos de qualquer procedimento, principalmente aqueles que utilizam produtos injetáveis em regiões da face altamente vascularizadas.
Seria fácil e perfeito, se não fosse tão perigoso. Alguém insatisfeito com o formato do nariz, a profundidade dos sulcos ou as marcas das olheiras, por exemplo, busca um profissional na internet, descreve o que gostaria de mudar, e esse profissional realiza algumas injeções nos locais desejados, e pronto! Simples assim... Mas essa não é a realidade: não é fácil, nem simples, além de ser muito arriscado!
A face possui características anatômicas que fazem com que o tratamento de uma região possa afetar outras áreas. O mesmo se aplica aos vasos sanguíneos que irrigam todas as estruturas faciais. As regiões de maior risco para preenchimentos com produtos temporários ou permanentes são as regiões centrais da face, como o nariz, a glabela, o sulco nasogeniano e as olheiras. O risco decorre justamente da proximidade e da comunicação dos vasos sanguíneos que passam sob essas estruturas e se conectam aos vasos sanguíneos da retina (nos olhos) e da superfície da pele. Se algum desses vasos sanguíneos for comprimido pelo excesso de produto ou, pior, sofrer injeção inadvertida do produto dentro deles, a circulação sanguínea é interrompida, e o paciente pode sofrer consequências irreversíveis, sendo a principal delas a cegueira.
Durante o procedimento, assim que ocorre a perda de circulação sanguínea na região dos olhos, o paciente sente dor, visão turva, inicia-se o edema e pode haver alteração da cor da pele próxima aos olhos. Em casos em que o sistema nervoso central é afetado, o paciente pode sentir náuseas, suor frio e sensação de desmaio. São muitos sinais e sintomas que indicam que o procedimento deve ser imediatamente interrompido, e que manobras de reversão do quadro devem ser realizadas. Alguns estudos recentes mostram que a retina não consegue “sobreviver” por mais de 90 minutos sem circulação sanguínea, havendo trabalhos que indicam um tempo ainda menor, de até 12 a 15 minutos. Após esse período sem sangue circulando na região, a visão é perdida e nada pode ser feito. Mesmo que o produto seja removido e a circulação retorne, a lesão definitiva nas células responsáveis pela visão não tem cura.
Por isso, procedimentos injetáveis, especialmente na região central do rosto, devem ser realizados por profissionais habilitados e experientes, preferencialmente com materiais e substâncias que aumentem a segurança, como cânulas apropriadas, produtos reversíveis e o uso de ultrassom guiado. Quando o tratamento é realizado com responsabilidade, os riscos existem, mas podem ser minimizados, controlados e evitados. E se uma complicação vier a ocorrer, o profissional habilitado que está realizando o procedimento tem a capacidade de saber diagnosticar e tratar a situação, caso seja necessário. Minutos são muito valiosos nesses casos, então, não se arrisque! Procure um dermatologista (cirurgião dermatológico) com RQE (Registro de Qualificação de Especialista) para cuidar da saúde da sua pele e da sua beleza!
Você pode encontrar profissionais com RQE nos sites sbd.org.br (SBD - Sociedade Brasileira de Dermatologia), sbcd.org.br (SBCD - Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica) e portal.cfm.org.br (CFM - Conselho Federal de Medicina).